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Tratamento de esgoto é solução para poluição do Rio Itapecerica, diz biólogo

Claudemir Cunha avaliou resultado de análise da água feita pelo Igam.
Curso recebe esgoto; Copasa diz começado a implantar estação.

Após duas capivaras serem achadas mortas no Rio Itapecerica, em Divinópolis, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) divulgou um relatório com o resultado de análises de amostras de águas colhidas no trecho que corta a cidade. A pedido do MGTV, o biólogo Claudemir Cunha analisou os dados e esclareceu alguns detalhes técnicos sobre fatores que levam ao baixo nível de oxigênio na água, que oferece risco à fauna. Ele afirmou que o problema da poluição não será resolvido até que a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) comece a funcionar. O G1 procurou a Copasa, que disse ter começado a implantar o sistema neste mês de setembro, com investimento de cerca de R$ 240 milhões e previsão de conclusão em até 24 meses.

“Para resolver definitivamente o problema, é preciso que haja efetivamente o tratamento do esgoto, que é jogado no rio in natura.”

Claudemir Cunha, biólogo

De acordo com o biólogo, o laudo do Igam mostra um quadro preocupante, que pode ser percebido pela cor escura da água do rio. “Embora tenhamos tido algumas chuvas em setembro e uma decorrência maior em outubro, elas ainda foram insuficientes para aumentar o volume da água do rio a ponto de fazer com que os microrganismos possam produzir uma coloração que mude esse aspecto”.

Para que o nível de poluição reduza, afirma o biólogo, é preciso haver maior controle do uso racional da água. “Pois as chuvas ainda não foram suficientes para poder aumentar o volume desejável do rio”, pontuou.

Presença de fósforo

Dentre os componentes químicos presentes na água do Rio Itapecerica, o fósforo tem sido percebido em taxas acima do ideal. “Esse elemento químico associado a outros gera a matéria orgânica que vemos depositada no rio. O aumento da carga de esgoto que o rio está recebendo faz com que se diminua o índice de oxigênio na água”, ponderou.
Capivaras são encontradas mortas (Foto: Reprodução/TV Integração)

Capivaras são encontradas mortas (Foto: Reprodução/TV Integração)

Capivaras mortas no Rio Itapecerica
(Foto: Reprodução/TV Integração)

Para que o oxigênio aumente na água, uma solução parcial seria o aumento das chuvas. “Seria preciso haver mais um período contínuo de chuvas em novembro e dezembro para que haja mais oxigênio dissolvido na água para que isso possa melhorar a relação do meio aquático com os seres que compõem a unidade biótica do rio”.

O mau cheiro gerado pelo esgoto despejado no rio sem qualquer tipo de tratamento aumenta conforme o nível da água reduz por causa da seca. “As chuvas amenizam a situação, que é característica do rio. Para resolver definitivamente o problema, é preciso que haja efetivamente o tratamento do esgoto, que é jogado no rio in natura”, sugeriu.

População ribeirinha

Ainda segundo o biólogo, muitas pessoas que vivem às margens do rio contribuem em proporções ainda maiores para manter o rio poluído. “Seria muito interessante se evitassem pescar no rio e também parassem de jogar lixo no curso d’água”, acrescentou.

Procurada pelo G1, a Companhia de Saneamento (Copasa) informou que começou em setembro deste ano a implantação do sistema de esgotamento sanitário da bacia do Rio Itapecerica, com investimento de cerca de R$ 240 milhões.

As obras, previstas para serem concluídas em até 24 meses, contemplam a implantação de mais de oito quilômetros de redes coletoras, 106 quilômetros de interceptores, 20 estações elevatórias de esgotos, além de duas estações de tratamento de esgoto, sendo uma em Itapecerica e outra no Bairro Santo Antônio dos Campos (Ermida), em Divinópolis. “Juntas, terão capacidade para tratar 90% dos esgotos coletados em Divinópolis”, explicou.

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Fonte: G1

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