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Avaliação do processo de remoção de fármacos e parabenos de esgoto doméstico em sistema de tratamento baseado em lagoas de lemnas

Resumo

A presença de fármacos e parabenos em esgoto doméstico é uma questão de grande preocupação devido seus efeitos negativos em ecossistemas e na saúde humana. Neste sentido a fitoremediação surge como sendo uma alternativa vantajosa de remoção dos micropoluentes, o baixo custo de implantação e manutenção é um fator atrativo. O presente estudo visa avaliar a capacidade de duas macrófitas aquáticas (Landoltia punctata e Lemna minor.), para remoção de fármacos (Diclofenaco e Naproxeno) e parabenos (Metil e Propil parabeno) do esgoto doméstico. Foram utilizados dois tanques de 3000 mil litros, sendo Tanque A composto por Landoltia punctata e Tanque B , Lemna minor, foram coletadas amostras a cada três dias durante 21 dias nos períodos diurno e vespertino. Os resultados de remoção para os fármacos do Tanque B, em média 0,63 µg/L ( remoção de 96.70% ) para diclofenaco e 30,60µg/L para naproxeno (remoção de 49,29%) respectivamente, enquanto o Tanque A atingiu 3,42 µg/L para diclofenaco e (remoção de 80,4%) 34,47 µg/L para naproxeno (remoção de 36,85%). Os resultados para remoções de metilparabeno foi para tanque A (diurno e vespertino) foram de 14,36 e 14,78 µg/L, (remoção de 90,87% e 90,60%), enquanto o tanque B foi de 16,86 µg/L para período diurno ( eficiência de 90,61%), 17,22 µg/L, e a sua (eficiência de 89,05%) durante o período vespertino. Para propil parabeno houve uma maior remoção para tanque B de 16,18 µg/L para (PrPP), ( eficiência de 89,35%), enquanto que para o período vespertino as concentrações foram de 13,97 µg/L para (PrPP), (eficiência de 90,60%), para o tanque A as concentrações foram em média de saída foi de 59,52 µg/L para o propilparabeno, e para o período vespertino foi observado uma eficiência média de 73,73%, com uma concentração de 55,10 µg/L de (PrPP).Esses resultados destacam a importância das lagoas de polimento de lemna para remoção de fármacos e parabenos.

Introdução

A indústria de produtos químicos e farmacêuticos ocupa um lugar de destaque, tanto no âmbito nacional quanto no internacional, devido às grandes quantidades de produtos lançados anualmente. Apenas nos Estados Unidos são registrados de 1.200 a 1.500 novas substâncias químicas por ano. Estes compostos ainda são empregados nas mais diversas áreas da saúde humana e animal, sendo que a maior parte dos princípios ativos adotam compostos orgânicos biologicamente ativos (A primeira vez que a sigla é usada (ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY- EPA, 2006).

O esgoto doméstico e industrial contém uma grande variedade de substâncias químicas como fármacos, produtos de higiene pessoal, pesticidas e produtos de uso veterinário. Esses compostos formam a classe de poluentes denominada de poluentes emergentes (PPCPs) (DAUGTHON, 2004).

Os poluentes emergentes presentes no esgoto bruto são encaminhados para as ETEs onde são tratados por processos convencionais de água e esgotos. Estes processos convencionais são incapazes de eliminar completamente esses compostos persistentes, sendo necessária a introdução de outros tipos de tratamentos adicionais (GÖBEL et al., 2007). No Brasil, é relevante ressaltar a existência de uma maior expectativa de ocorrência de fármacos e conservantes em águas residuais devido à carência de estrutura sanitária para o tratamento de esgoto.

Alguns desses poluentes são parcialmente eliminados pelas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE). Estudos mostram que os PPCPs, mesmo detectados em concentrações muito baixas, na ordem de ng.L-1 e mg.L-1 , são considerados como motivos de preocupação, pois podem causar efeitos adversos no ecossistema aquático e no ser humano (BOXALL et al., 2003; TERNES et al., 2004a; REEMTSMA; JEKEL, 2006; BILA; DEZOTTI, 2007).

Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB (dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE (2002), 82% desses efluentes são descartados em corpos d’água que são utilizados para abastecimento (SODRE, 2010).

Os efeitos adversos da presença de micropoluentes emergentes e seus metabólitos em ambientes aquáticos incluem toxicidades letais e subletais em organismos aquáticos e terrestres, desregulação endócrina, genotoxicidade e desenvolvimento de resistência em bactérias patogênicas. É importante destacar a estabilidade desses compostos na água e o seu potencial para bioacumulação na vida aquática (PEAKE; BRAUND, 2009).

As tecnologias que diminuem a concentração das descargas de poluentes orgânicos em corpos d’ água já são estudadas (ozonização, ultrafiltração e processo de oxidação avançada), porém seu custo dessas tecnologias ainda é elevado. Entretanto, a fitorremediação, uma técnica de tratamento que utiliza plantas e microrganismos associados para retirar poluentes orgânicos ou inorgânicos do ambiente, é uma técnica que, além de ser de baixo custo, também está ganhando espaço nas pesquisas científicas, pois possui capacidade de remoção de diferentes poluentes e, principalmente, facilidade de implantação (SUSARLA et al., 2002; ZWIENER; FRIMMEL, 2000; TERNES et al., 2003).

São utilizadas muitas espécies de macrófitas aquáticas em estudos que buscam novos tratamentos de águas residuais por fitorremediação. Estas plantas podem ser aplicadas na superfície de lagoas e contribuem para a remoção de nutrientes, bem como de sólidos suspensos e matéria orgânica (CAICEDO et al., 2000).

Estudos realizados por Martins et al. (2007) comprovam ainda que este tipo de tratamento possui capacidade de atenuar a concentração de diferentes tipos de compostos simultaneamente.

Pesquisas realizadas com lemnas mostram que estas plantas aquáticas tem capacidade de remover poluentes orgânicos por adsorção e por processos fito metabólicos (SANDERMANN, 1994; REINHOLD; SAUNDERS, 2006a; TRONT et al., 2007; GÀRCIA- RODRIGUEZ et al., 2015).

O uso das lemnas como tecnologia (―end point‖) no tratamento de efluentes está fundamentado na capacidade natural dessas plantas em se desenvolver em ambientes eutrofizados, como em lagoas de tratamento. As lemnas apresentam as características ideais para suportar elevadas cargas de matéria orgânica, sólidos suspensos e nutrientes, além de variações bruscas no pH (SKILICORN et al., 1993; TAVARES, 2004).

Diante do cenário exposto há uma iminente necessidade em estudar novas formas de tratamentos que sejam eficientes e de baixo custo para remoção dos poluentes emergentes.

Autora: Mariane Luz dos Anjos.

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