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Obtenção de MDE Corrigido para Delimitação de Bacia Hidrográfca com Auxílio de Geotecnologias Livres

Resumo

No Brasil, a Política Nacional dos Recursos Hídricos estabelece que a unidade fundamental de gestão dos recursos hídricos é a Bacia Hidrográfica. Assim o trabalho inicial, antes das atividades de monitoramento de uso e ocupação do solo e outras afins, no âmbito da bacia, passa pela delimitação de seus limites fisiográficos. O emprego das geotecnologias permite a interpretação de um conjunto de dados para que seja possível a modelagem da delimitação da bacia hidrográfica utilizando Sistemas de Informações Geográficas (SIG) livres imagens de satélite gratuitas. Contudo, a presença de vegetação densa promove a geração de falsos picos, conduzindo a modelagem de falsos segmentos de fluxo, afetando diretamente a modelagem do limite da Bacia Hidrográfica. Este trabalho teve como objetivo a obtenção de Modelo Digital de Elevação (MDE) a partir de Modelo Digital de Superfície (MDS) – SRTM visando à delimitação da Bacia Hidrográfica do Córrego Laranja Doce (Dourados/MS) com auxílio do software QGIS (QGIS Development Team, 2015). Como resultado, observou-se que a correção altimétrica do MDS, com auxílio da interpretação de imagens orbitais (imagem Landsat 8 órbita/ponto 224/75 de 2015) e dados de levantamento de campo, promoveu a obtenção de um Modelo Digital de Elevação que representa com maior acurácia o relevo e os limites fisiográficos da área de estudo, podendo servir melhor para embasamento nas futuras análises que necessitem desta informação, como em morfometria e monitoramento ambiental.

Introdução

A questão hídrica vem gerando conflitos interregionais e internacionais por conta do desequilíbrio entre a disponibilidade e demanda oriunda dos usos múltiplos dos cursos d´água, além da degradação das águas superfciais e subterrâneas, demandando a necessidade de inovações com relação à gestão e práticas sobre este recurso natural limitado (Pereira et al., 2002).

Tucci (1997) ressalta que a qualidade das águas superfciais e subterrâneas de uma bacia hidrográfca são uma função direta de seus usos e ocupação do solo. Por tal, são os usuários residentes nesta unidade fsiográfca os primeiros a influenciar e a sentir as alterações na qualidade e quantidade dos recursos hídricos onde residem.

Sob esta ótica, no Brasil, a unidade territorial fundamental para gestão dos recursos hídricos, estabelecido por meio da Política Nacional dos Recursos Hídricos – PNRH (BRASIL, 1997) são as bacias hidrográfcas.

A adoção da bacia hidrográfca como unidade de planejamento foi feita para atribuir maior base ambiental para o gerenciamento de forma que as unidades político-administrativas se obrigassem a executar ações coordenadas e integradas com base técnica para defenderem os interesses comuns (Silva, 2005).

Segundo Santana (2003) o tamanho e os limites da bacia são importantes para determinar parâmetros do recurso d’água como total anual e potencial de enchente, para avaliar como, quando e onde aplicar medidas de manejo para o controle da qualidade da água, a quantidade ou o regime. O tamanho de uma bacia é uma consideração essencial no comportamento hidrológico, sendo um dos parâmetros mais difíceis de modelar.

O maior problema na obtenção manual dos limites de bacia é o caráter subjetivo utilizado na sua obtenção. Isto tem feito com que diferentes operadores obtenham diferentes limites, sem, contudo haver necessariamente erro de algum deles (Torres, 2007).

Os Modelos digitais de terreno (MDT) ou Modelos Numéricos de Terreno (MNT), inicialmente utilizados no MIT (Massachusetts Institute of Technology) por volta dos anos 1955, são uma forma de representação numérica/ matemática de uma característica ou fenômeno espacial ambiental e que na atualidade não traduz apenas a superfície altimétrica do terreno (Rocha, 2000). Segundo Paranhos Filho et al. (2016), o MDT que reflete especifcamente a superfície topográfca do terreno é chamado de Modelo Digital de Elevação (MDE). Já os Modelos Digitais de Superfície (MDS) representam a superfície do terreno acrescida de quaisquer objetos existentes sobre ela e que influenciem no valor da reflectância do pixel (como dosséis de vegetação, construções, etc.).

Através da utilização das ferramentas de geotecnologias (cartografa, sensoriamento remoto, GPS e Sistemas de Informação Geográfca – SIG), permite-se delimitar e avaliar os divisores de bacias hidrográfcas obtidas a partir de dados de elevação, dentre os mais utilizados os da missão Shuttle Radar Topography Mission – SRTM (Farr et al., 2007). A utilização de técnicas automáticas permite a delimitação dos divisores de bacia de modo efciente com mínima interferência do operador, salvo na análise dos semivariogramas (Torres, 2007).

Entretanto, Valeriano (2006) confrma que os dados originais do SRTM com resolução espacial de 90 metros apresentam capacidade limitada para modelar características de drenagem de locais muito planos, onde é necessária uma interpretação visual do mesmo. Além de que as condições de dosséis presentes na imagem devem ser contabilizadas para realização da modelagem (delimitação de bacia hidrográfca, por exemplo) em áreas florestadas.

Ponto importante a salientar sobre os dados SRTM, é que por terem sido gerados com interferometria de radar das bandas C e X, os valores de elevação só representam o terreno em espaços abertos. Em áreas com vegetação, as ondas de radar (nesses comprimentos de onda) não penetram no dossel das árvores, então a elevação do SRTM é a de uma superfície que passa perto do topo do dossel. Desse modo, não é correto dizer que o SRTM seja um MDE, mas sim um MDS (Grohmann, 2015).

Este trabalho tem como objetivo a obtenção de Modelo Digital de Elevação (MDE) a partir de dados de elevação SRTM visando à delimitação da Bacia Hidrográfca do Córrego Laranja Doce (Dourados/ MS), utilizando software livre.

Autores: Nelison Ferreira Correa; Vinícius de Oliveira Ribeiro; Camila Leonardo Mioto e Antonio Conceição Paranhos Filho.

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