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Impactos da expansão do agronegócio no Matopiba: comunidades e meio ambiente

Apresentação

A expansão da fronteira agrícola e pecuária no Cerrado brasileiro, nas últimas quatro décadas, já levou à perda total ou à degradação de 52% do bioma, colocando prementes ameaças para seu futuro e para as formas de vida tradicionais de seus habitantes. Desde a década de 1970, atividades intensivas e extensivas como a pecuária e as monoculturas de soja, cana-de-açúcar e eucalipto, têm levado a intenso desmatamento e degradação dos solos, mudando de forma dramática a paisagem, as interações ecológicas intra e extra bioma e alterando de forma igualmente abrupta a vida das comunidades tradicionais do Cerrado. Adicionalmente, a produção de carvão vegetal no Cerrado tem impactos severos sobre o meio ambiente, ao agudizar o desmatamento para alimentar a demanda da indústria siderúrgica brasileira. Tudo isso sem contar que, no Cerrado, há também grandes projetos de mineração e barragens, fazendo com que aproximadamente dez pequenos rios sequem a cada ano.

Embora a expansão da agricultura moderna seja apresentada como sustentável e respeitosa ao meio ambiente por parte do governo, dos grandes proprietários de terra e capitais nacionais e transnacionais do agronegócio, é preciso destacar que há acirrados debates e disputas a esse respeito, diretamente relacionados com o processo de alargamento das várias ‘fronteiras’ que convergem na região: agrícola, pecuária, mineradora, hidroelétrica etc. Infelizmente, as vozes das comunidades impactadas não têm o mesmo peso relativo no debate vis-à-vis os atores empresariais ou governamentais.

A expansão da agricultura e da pecuária comerciais leva à maior concentração da terra e esta, por sua vez, significa que os povos tradicionais sofrem pelo não reconhecimento de seus direitos territoriais, baseados nos costumes e na ocupação continuada do solo ao longo das gerações, mais do que em documentos…

Autores: Fábio Teixeira Pitta;  Gerardo Cerdas Vega e  Gerardo Cerdas Vega.

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