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Modelagem de qualidade da água na lagoa de Messejana/CE

Resumo

Messejana é um distrito e bairro de classe média, localizado na zona sudeste do município de Fortaleza – CE, conforme censo 2010, sua população atual gira em torno de 45 mil habitantes e tem sua economia, voltada para o comércio e em contínuo desenvolvimento. Destaca-se a tradicional Feira Livre que acontece tradicionalmente aos domingos, proporciona centenas de empregos diretos e indiretos para feirantes e distribuidores locais. Em Messejana, que significa “lagoa abandonada”, em tupi-guarani, nasceu e viveu o romancista José de Alencar. Diz a história que às margens da lagoa de Messejana ele se inspirou para escrever sua primeira obra, o romance Iracema, que lhe trouxe consagração. Com isso, foi implantada a Estátua de Iracema, a personagem tomou forma transformando-se no principal ícone do bairro. Com 13 metros de altura e um visual espetacular, Iracema está totalmente incorporada à paisagem de Messejana. Este crescimento turístico e imobiliário vem ocupando de maneira desordenada e inadequada o meio físico local, onde, tal fato somado ao descaso das autoridades vem acarretando problemas estruturais e ambientais a lagoa, que seria uma paisagem encantadora e excelente local de turismo, apresenta poluição no corpo hídrico, causado pelos descartes de esgotos e acúmulo de lixo.

Introdução

A Lagoa de Messejana localiza-se no bairro Messejana e faz parte da bacia do Rio Cocó, um dos maiores bairros de Fortaleza, capital do Ceará em torno de uma lagoa, onde podemos destacar nas proximidades, o Mercado da Messejana, o Clube da Caixa Econômica Federal de Fortaleza o Terminal Integrado da Messejana, Terminal Rodoviário, Vapt Vupt e o anexo da faculdade Ateneu. A Lagoa da Messejana (figura 01) faz parte da bacia do Rio Cocó, o seu espelho d’água tem 33,7 hectares e um volume de mais de 865 mil metros cúbicos de água constituindo-se na segunda maior lagoa da cidade, perdendo somente para a lagoa de Precabura, que faz a divisa de Fortaleza com o município de Aquiraz, onde as margens com seus manguezais formam hoje, a Área de Proteção Ambiental – APA do Rio Pacoti que possui uma área de 2.914,93 hectares.

Lagoa é uma porção de água cercada por terra menor que um lago. Pode ser feita pelo homem ou pode ser de uma fonte natural, com um desnível na maior parte das vezes que proporciona o acúmulo de água. As áreas com líquidos em zonas urbanas ou em contato com o homem andam sofrendo com problemas de poluição. Surpreende, portanto, a displicência da nossa espécie com as águas que nos banham, hidratam e tornam viáveis as nossas vidas. Segundo o Trata Brasil, que luta pela universalização do acesso à coleta e ao tratamento de esgoto no País, apenas 38,5% do esgoto das 100 maiores cidades do País é tratado antes de ser devolvido à natureza. Não foram poucos os rios, lagoas e lagos que morreram graças ao despejar, década após década, do nosso esgoto doméstico, industrial e agrícola in natura.

No ano de 2006 uma pesquisa de campo foi realizada para avaliar “in loco” as principais fontes poluidoras e os impactos causados no entorno daquele ecossistema com reflexos diretos na área de preservação permanente. A partir dessa pesquisa puderam ser observadas algumas situações preocupantes: presença de entradas pontuais de esgoto in natura, provenientes dos estabelecimentos localizados na Av. Padre Pedro de Alencar, Rua Capitão Afrânio e Joaquim Felício, todas nas proximidades da lagoa.Sendo uma área com nível social entre baixo a médio, com o turismo presente para conhecer a lagoa e a estátua de Iracema (figura 02), ainda é acometido de problemas relacionados à falta de segurança, ausência de um saneamento básica adequado, atendimento de saúde ineficaz e um crescimento populacional intenso atuando sobre o meio físico de maneira desordenada e sem critérios específicos.

Atualmente, em 2018, a Lagoa da Messejana é utilizada por pescadores ribeirinhos, diariamente, que se utilizam da pesca na lagoa, tanto para consumo próprio e também para realizar comercialização dos peixes que consequentemente gera uma fonte de renda fruto dessa atividade, onde a venda desses pescados é realizada ali mesmo nos arredores da lagoa, conforme foi identificado na visita in loco e em conversa com os próprios moradores. Os mesmos também informaram que algumas pessoas também tomam banho na lagoa.

Embora esteja protegida legalmente e suas margens constituam uma área de preservação permanente, as ocupações desordenadas não deixaram de ocorrer, sem qualquer cuidado e respeito à legislação ambiental.

O atual estado da lagoa é de crescente degradação, destruição da beleza cênica e diminuição do potencial ecológico, onde a poluição acarreta doenças de veiculação hídrica, também doenças de pele, leptospirose, dengue entre outras, que aumentam durante o período chuvoso, tendo em vista que a lagoa recebe ligações clandestinas de esgotos e com as chuvas a vazão é ainda maior, comprometendo a qualidade de vida da população nas áreas que são consideradas de risco, que sofrem as consequências das constantes inundações.

(…)

Autores: Alisson Pinheiro de Macêdo; Cyntia Pereira Nunes de Araújo e Jailma Gomes Soares.

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