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Microplásticos estão presentes na água potável, mas riscos para a saúde são desconhecidos, diz OMS

A redução na poluição com plástico e o tratamento adequado da água podem minimizar o problema dos microplásticos — Foto: Chesbayprogram/Visualhunt

Cada vez mais estudos científicos identificam a presença de microplásticos na água potável, tanto na engarrafada quanto na água de torneira, mas pouco ainda se sabe sobre seus impactos à saúde humana. Em seu primeiro relatório sobre microplásticos na água potável, publicado nesta quarta-feira (21), a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que somente a redução na poluição com plástico e o tratamento adequado da água podem minimizar o problema.

Os microplásticos são pequenos resíduos que vêm dos mais diversos produtos de plástico. Eles podem ser de vários tamanhos. Às vezes são tão pequenos que podem ser invisíveis a olho nu, mas já se tornaram um dos principais poluentes da água nos rios e oceanos.

Segundo a OMS, as partículas maiores, em geral, não são absorvidas pelo corpo humano e acabam sendo eliminadas naturalmente. Por esse motivo, a Organização ainda não vê razões para alarde em relação aos impactos dos microplásticos na saúde humana.

Mas isso não significa ignorá-los. Eles podem trazer outros elementos estranhos ao corpo. E ainda não temos conhecimento científico suficiente para saber como o corpo reage a partículas menores, os chamados “nanoplásticos”. A OMS recomenda uma ampliação das pesquisas sobre esses plásticos.

“Os microplásticos são onipresentes no ambiente e foram detectados em água marinha, esgoto, água doce, na comida, no ar e na água potável, tanto na engarrafada quanto na água de torneira”, constata o relatório.

Eles caem no ciclo das águas tanto por meio do descarte direto de produtos de plástico em rios e áreas de enchentes quanto pela eliminação de resíduos industriais. Algumas partículas vêm, até mesmo, dos próprios sistemas de tratamento e distribuição de água.

Riscos à saúde

Os estudos realizado até hoje são suficientes para identificar a presença dos microplásticos. Entretanto, a OMS alerta os governos e autoridades de saúde pública para o fato de que ainda faltam métodos adequados e padronizados para analisar essas partículas de plástico e seus impactos.

Embora ainda não seja necessário fazer um monitoramento de rotina para a presença de microplásticos na água, de acordo com a OMS, há pelo menos três os potenciais riscos à saúde humana, pois essas partículas são:

  • Um perigo físico para o corpo, pois representam um “corpo estranho” e não fazem parte da alimentação humana normal;
  • Um perigo químico, pois os produtos de plástico contêm elementos químicos que podem ser tóxicos;
  • Um perigo biológico, pois essas partículas podem reter e acumular micro-organismos que fazem mal ao ser humano, como bactérias e fungos, por exemplo.

Além disso, a OMS observa que a poluição causada pelo plástico mal descartado tem impactos na qualidade de vida das pessoas, no turismo e pode agravar a poluição do ar.

“Se as emissões de plástico no ambiente continuarem nos níveis atuais, em um século pode haver a disseminação dos riscos associados aos microplásticos em ecossistemas aquáticos”, diz o texto.

Uma forma possível de reduzir a poluição com plástico é “um maior comprometimento público e político”, o que já vem ocorrendo em muitos lugares. “Mais de 60 países já taxam ou proíbem o uso de plásticos descartáveis, especialmente as sacolas plásticas”, afirma a OMS.

Tratamento de água e esgoto

Além de reduzir a poluição, a forma mais eficiente de minimizar o problema é intensificar o tratamento de água e esgoto e levá-lo para os lugares que ainda não têm, segundo a OMS. “Onde existem, eles são considerados altamente eficientes em remover partículas com características parecidas àquelas dos microplásticos”, afirma o documento.

O tratamento de esgoto pode remover mais de 90% dos microplásticos, especialmente se forem utilizadas técnicas de filtragem da água.

“Embora estejam disponíveis apenas dados limitados sobre a eficácia da remoção dos microplásticos no tratamento da água potável, esse tratamento se mostrou efetivo na remoção de muito mais partículas, de tamanho menor e em maiores concentrações do que os microplásticos”, acresenta a OMS.

Entretanto, aproximadamente 67% da população em países de renda baixa e média ainda não tem acesso ao saneamento básico. E 20% do esgoto doméstico não passa sequer por tratamento secundário (aquele que remove, pelo menos, os poluentes sólidos e a maior parte da matéria orgânica).

Nesses lugares, mesmo que os microplásticos possam ser encontrados em concentrações maiores nas fontes de água doce e potável, os riscos associados a outras impurezas da água pode ser ainda maior.

Fonte: G1.

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