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Osmose reversa pode ser opção para minimizar crise hídrica

O desenvolvimento tecnológico no setor de tratamento de águas é dinâmico e inovações chegam ao mercado frequentemente, com excelentes ferramentas aos profissionais do setor, de modo a capacitá-los para contornar os desafios que são continuamente apresentados.

Em pouco tempo, o desenvolvimento de produtos cada vez mais eficientes, o ganho de escala de produção e a natural concorrência do mercado estabelecem custos razoáveis, o que facilita a aplicação das novas tecnologias. Uma dessas ferramentas que podem ser utilizadas no processo de potabilização de água é a Osmose Reversa, porém ainda tem sido pouco explorada no Brasil.

De acordo com o engenheiro sanitarista, que possui mais de 30 anos de experiência em sistemas de tratamento de águas, efluentes e reúso, Rolando Piaia, a Osmose Reversa é uma tecnologia de separação por membranas, que visa à remoção de sais dissolvidos, e possui algumas aplicações, dentre elas: dessalinização – produção de água potável ou água industrial, a partir da água do mar ou águas de fontes salobras (poços, estuários, etc.); desmineralização – produção de água desmineralizada, a partir de água doce de manancial de superfície ou subterrâneo; e reúso de efluentes – produção de água industrial, a partir de efluente tratado.

Os primeiros projetos de Osmose Reversa de porte razoável, no Brasil, foram executados no final da década de 80, com foco na produção de água desmineralizada para a indústria nacional, a partir de água doce de superfície.

Para o consumo humano, a dessalinização tem sido empregada no País, porém ainda muito pouco. Na região nordestina há um sistema de dessalinização que produz água potável, distribuída no arquipélago de Fernando de Noronha. Existem, também, unidades de pequeno porte no semiárido nordestino e em algumas das plataformas offshore da Petrobras, produzindo água potável para os funcionários embarcados.

Mas existem estudos sendo desenvolvidos, com o intuito de abastecer regiões metropolitanas com água potável para o consumo humano e industrial, produzida por Osmose Reversa, a partir da água do mar. “A dessalinização deve ser considerada em estudos de abastecimento de regiões litorâneas, principalmente quando os mananciais de água doce de superfície, de capacidade adequada ao projeto, estejam distantes ou com sua qualidade comprometida”, esclarece Piaia.

Gestão é o nosso problema

O engenheiro químico e superintendente do grupo Águas do Brasil, André Lermontov, diz que a dessalinização só pode e deve existir em cidades costeiras. “É economicamente inviável realizar dessalinização para Belo Horizonte, Goiânia ou Campo Grande. Mas poderia ser uma alternativa para Natal, Fortaleza ou Rio de Janeiro, por exemplo”, diz Lermontov. As maiores plantas de dessalinização se encontram em cidades costeiras, onde realmente não existe outra fonte de água. Israel e Espanha dominam esse mercado, atualmente.

Na opinião de Lermontov, osmose não é a solução para falta de água. Ela é apenas uma tecnologia de filtração em membranas tão avançada que é capaz de filtrar o sal da água. Mas, segundo ele, a escassez é um problema de gestão. “Em São Paulo, por exemplo, não existe falta de água, porque o recurso é abundante, porém poluído. Escassez mesmo é o que vemos, hoje, no Texas e Califórnia, nos EUA, e na cidade de Antofagasta, no Chile, que não têm de onde retirar água e dependem da dessalinização. O reúso e a dessalinização, nesses casos, são opções viáveis e ambas envolvem a Osmose Reversa”, conta.

Com essa tecnologia, água já usada em plantas industriais passariam por um processo de purificação para serem usadas novamente.

Saiba mais: O que é

A osmose é um processo que ocorre na natureza, em que a água migra, por meio de uma membrana, da região menos concentrada em sais dissolvidos para a mais concentrada, com o objetivo de equilibrar tais concentrações.

Na dessalinização por Osmose Reversa, esse sentido é invertido, mediante aplicação de pressão, por intermédio de uma bomba, de modo que a água que atravessa uma membrana polimérica específica, que possui a propriedade de ser semipermeável e seletiva, possui poucos sais dissolvidos.

A rejeição desses sais é da ordem de 99% em sistemas de dessalinização da água do mar. “Desse modo, a Osmose Reversa produz água de excelente qualidade, a partir da água do mar, podendo ser utilizada para consumo humano, industrial e agrícola”, explica Piaia.

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