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Enfrentar problemas de urbanização é passo importante para despoluir rios

Participantes do seminário ‘A despoluição dos rios’ afirmam que projetos de revitalização precisam investir em moradia

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Encontrar soluções para os rios de São Paulo passa por enfrentar problemas de urbanização na região metropolitana. Segundo participantes do seminário “A despoluição dos rios” – parceria entre a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Estado -, para que projeto de revitalização proposto pelo governo estadual dê certo é preciso também investir, entre outras medidas, em programas habitacionais e aprimorar serviços de varrição e coleta seletiva.

Ex-coordenador do Plano Diretor de Esgotos da região metropolitana de São Paulo, Roberto Teixeira França estima que, por dia, a população despeje mais de 1 mil toneladas de esgoto e 360 toneladas de lixo nos rios.

“Em épocas de seca, os córregos viram praticamente esgoto: não tem água”, disse.

Ocupações irregulares em áreas de manancial

Um dos principais desafios apontados, de acordo com França, são as ocupações irregulares que se firmaram em áreas de manancial e fazem descarte diretamente nos corpos d’água.

“Pela ocupação desordenada, não é possível instalar troncos-coletores nessas margens”, relatou.

No projeto Novo Pinheiros, a Sabesp prevê conseguir conectar cerca de 73 mil imóveis que nem sequer têm acesso à rede de esgoto. Já nas áreas de invasões, onde não é possível realizar obras, a aposta é em estações de tratamentos especiais, a ser instaladas no próprio corpo dos córregos.

“Para solucionar esse problema é preciso o que chamo de ‘políticas de vida'”, afirmou França. “Não é passar o trator em cima das comunidades, mas fazer a realocação dentro da própria área através de políticas de habitação popular.”

Para João Jorge da Costa, diretor do Departamento de Infraestrutura da Fiesp, a política de reassentamento deve estar associada a outras intervenções urbanas.

“Temos de trabalhar também com resíduos sólidos, melhorar a qualidade da coleta e da varrição. Sem isso, só esgoto não resolve”, disse.


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Controle da qualidade das águas pluviais e redução da poluição difusa

Costa também alerta sobre a importância de fazer controle da qualidade águas pluviais, para reduzir a poluição difusa.

“As primeiras chuvas lavam a atmosfera, o asfalto, o sistema de drenagem, então vêm com mais poluentes”, disse.

Uma sugestão seria construir piscinões para reter essa água, enviá-la a estação de tratamento e só depois devolvê-la aos rios.

Na visão de Costa, outros setores deveriam contribuir para o projeto – entre eles, o imobiliário.

“É um setor que se beneficia muito com a melhoria dos rios: está na hora de contribuir também”, afirmou.

Integrante do Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp, João Francisco Soares disse que os fatores da poluição nos rios são múltiplos, mas haveria uma “causa gênesis”: o crescimento populacional em São Paulo. Em 1940, a região metropolitana tinha população de 2,6 milhões de pessoas, segundo dados apresentados por Soares. Hoje, são aproximadamente 22 milhões.

“Esse crescimento foi vertiginoso, desordenado e conflitivo.”

Governo afirma investir em tratamento de esgoto e desassoreamento

Em nota, a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente informou que o Programa Novo Rio Pinheiros está em andamento e as ações podem ser acompanhadas no site do projeto.

“Os 14 editais para obras de saneamento são públicos e estão disponíveis para consulta. O objetivo é encaminhar à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Barueri 2.800 litros por segundo e universalizar a bacia. Por meio de investimentos do Projeto Tietê, a ETE ampliou em 2017 a capacidade de tratamento para 12 mil litros por segundo. Em 2018 houve um salto para 16 mil litros por segundo”, acrescenta o texto. “Paralelamente ocorrem as ações de desassoreamento que deverão retirar 500 mil m³ de resíduos do Rio Pinheiros”, ainda conforme a pasta.

O Rio Pinheiros é um afluente do Rio Tietê. Desde 1992, os investimentos da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) no Projeto Tietê ampliaram a coleta de esgoto da região metropolitana de 70% para 89%, e o tratamento saltou de 24% para 78%, também segundo o governo.

Fonte: Terra.

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