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Resolvendo o problema de Cloro Residual em Ponta de Rede

A cloração tradicional não consegue resolver estas questões de cloro na ponta da rede

Nos sistemas de tratamento de água, a etapa de desinfecção é de extrema importância para garantir que a água esteja isenta de microrganismos relacionados às doenças de veiculação hídrica. A cloração é o método mais antigo e mais amplamente utilizado devido a sua disponibilidade, baixo custo e ação residual. Sendo aplicada em concentrações que não sejam prejudiciais ao homem, sua ação é eficaz e protege o sistema de distribuição de água.

O cloro apresenta alta reatividade, sendo um poderoso oxidante, motivo pelo qual reage com grande número de substâncias orgânicas e inorgânicas presentes na água que diminui sua ação residual.  Por este motivo, a concentração de cloro na rede de distribuição varia muito de acordo com as substâncias reativas encontradas na água.

Uma maneira de garantir a presença de cloro residual nos sistemas de distribuição de água é o aumento das dosagens de cloro nas estações de tratamento de água. Entretanto, esta estratégia pode resultar em problemas como sabor e odor desagradáveis, possibilidade de formação de subprodutos tóxicos que comprometem a segurança do consumo da água, excesso de cloro nos pontos mais próximos à estação e ainda a elevação do custo.

No Brasil, a norma vigente de potabilidade da água para consumo humano é a Portaria nº 2.914, de dezembro de 2011, que revogou a Portaria MS n° 518/2004 e dispõe sobre o padrão de potabilidade e os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano.

Uma das exigências é a presença do cloro residual livre em qualquer ponto da rede de distribuição.  O artigo estabelece que após a desinfecção, a água deve conter um teor mínimo de cloro residual livre de 0,2 mg/L que deve estar presente na água no sistema de distribuição (reservatório e rede) para garantir a potabilidade da água durante a sua distribuição. O Valor Máximo Permitido (VMP) de cloro residual permitido é de 2,0 mg/L, valor acima do qual ofereceria riscos à saúde da população. Se uma amostra de água apresenta uma concentração de cloro residual livre superior a 5,0 mg/L, ela não atende ao padrão de potabilidade.

Entretanto, vários fatores podem afetar a manutenção do cloro residual ao longo da rede de distribuição como: o decaimento do cloro residual, aumento do número de bactérias devido à temperatura, aumento de carga orgânica, vazamentos e rompimentos.

A etapa de cloração nas estações de tratamento de água promove a desinfecção e não a esterilização da água. Isto significa que microrganismos não patogênicos podem resistir ao processo de cloração e estar presentes na rede de distribuição da água.  As principais bactérias desta classe encontradas nas redes são as ferrobactérias que são capazes de extrair o ferro da água ou de canalizações e superfícies com a qual entram em contato. Estas bactérias são responsáveis pela formação do biofilme que é a deposição de uma película na canalização resultante da formação de hidróxido de ferro gelatinoso. Este processo reduz a capacidade de condução da água, além de causar corrosão e de produzir sabor e odor desagradáveis.

Outro grave problema que ocorre na rede de distribuição de água é a ligaçãocruzada. Esta ocorre quando uma fonte de água contaminada, esgoto ou produtos químicos são ligados e introduzidos no sistema de distribuição. As ligações cruzadas podem causar doenças graves e até morte. Um programade controle para detectar este tipo de ligação é essencial para garantir a qualidade da água no sistema de distribuição. A manutenção de um residual de cloro livre adequado minimiza este problema, mas, nem sempre estes valores recomendados eliminam o risco de contaminação. O monitoramento com coleta de amostras em diversos pontos da rede de distribuição é essencial. Assim, uma queda ou extinção do residual de cloro pode significar a presença de uma ligação cruzada e, assim, a sua localização.  A aplicação de cloro em outros pontos estratégicos da rede de distribuição também pode ser utilizada.

Historicamente, a cloração tradicional não consegue resolver estas questões de cloro na ponta da rede, sem ter que recorrer a dosagens maiores de cloro na saída da E.T.A. ou à inclusão de pontos de recloração. A utilização de solução mista de oxidantes contendo hipoclorito e peróxido de hidrogênio tem sido a alternativa que obtém melhores resultados. Isto porque o peróxido de hidrogênio tem ação oxidante mais rápida que o hipoclorito. Desta forma, a demanda de cloro passa a ser menor, permitindo que o poder oxidante e de proteção do cloro percorra toda a rede.

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