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Sistema de reúso de água do Pecém/CE em estágio avançado

Quando pronto, o sistema deve produzir 110 litros de água por segundo, ou 400 mil hora

A água de efluentes do Complexo do Pecém servirá para abastecer as indústrias do local (Foto: Kid Júnior)

O futuro das reservas de água do Ceará é incerto, o que tem levado o Governo do Estado a buscar a diversificação das fontes hídricas. Uma das alternativas é o projeto de reúso da água de efluentes – resíduos e esgoto – do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) para abastecer as indústrias do próprio local. O empreendimento está em estágio “avançado”, segundo a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Quando pronto, o sistema deve produzir 110 litros de água por segundo, ou 400 mil por hora.

O rendimento que deve representar pelo menos 10% de economia da água hoje destinada ao Complexo. Segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), atualmente, a vazão para o CIPP é, em média, de 1,1 mil litros por segundo (1,1 m³/s). O número representa cerca de 10% do que é destinado ao consumo humano de Fortaleza e Região Metropolitana, de 10 mil litros por segundo (10 m³/s), conforme a Cagece.

Com a economia, para o órgão estadual, será possível “priorizar ainda mais a água dos mananciais para o abastecimento da população”. De acordo com a Cogerh, 75% da água armazenada nos reservatórios cearenses em 2017 foram direcionados ao abastecimento humano. Depois, vieram os volumes fornecidos para a irrigação (16%) e para a indústria (7%).

Tarifa

“O projeto de reúso está bem avançado, já tem estudos técnicos, e o tipo de tratamento está bem delineado. Estamos na fase de acabamento dos custos para estabelecermos uma tarifa adequada”, esclarece o superintendente de sustentabilidade da Cagece, Ronner Gondim. “As empresas comprariam a água de reúso a uma nova tarifa, vendida pela Utilitas, que é uma empresa privada; ela faria todo o investimento necessário”.

A Cagece estima que cerca de 70% do esgoto das empresas do CIPP deve ser reaproveitado em vez de ser lançado ao meio ambiente. No ano passado, testes realizados pela Companhia, em associação com a empresa francesa Suez, geraram “resultados satisfatórios” quanto aos parâmetros de qualidade da água para abastecimento das indústrias da região.

Segundo Ronner Gondim, a água de reúso seria produzida in loco, no próprio Pecém. Atualmente, as empresas do Complexo pagam à Cogerh tarifa de R$ 2.383,24 pela adução de 1.000 m³ de água bruta (não tratada, proveniente de reservatórios do sistema Metropolitano, como os açudes Pacajus, Riachão e Gavião), conforme o decreto estadual nº 32.422/2017. Depois, precisam tratá-la internamente, com estações e custos próprios, para adequá-la aos requisitos de produção.

No entanto, o projeto envolve ainda uma segunda etapa, a médio prazo, que deve requalificar a água de efluentes produzidos na região sudoeste de Fortaleza e de Caucaia, utilizado várias estações de tratamento das duas cidades. “Coletaríamos o esgoto tratado para transformá-lo para o uso padrão da indústria. Esse é um projeto maior e forneceria uma vazão próxima à que todo o Complexo utiliza”, explica Ronner Gondim.

Caucaia

Segundo o superintendente de sustentabilidade da Cagece, “muito provavelmente”, a estação de reúso seria instalada próxima à região da Estação de Tratamento de Água (ETA) Oeste, localizada em Caucaia, onde existe disponibilidade de área e energia.

Uma rede de adutoras será utilizada para coletar os efluentes de resíduos e esgoto e destiná-lo ao pós-tratamento, e outra tubulação conectaria o Município de Caucaia diretamente ao Porto do Pecém.

Coagulação: processo que consiste na formação de coágulos através da reação do coagulante, promovendo um estado de equilíbrio eletrostaticamente instável das partículas no seio da massa líquida. Os coagulantes mais usados no processo de coagulação são os sais de metais à base de alumínio ou ferro.

Floculação: ocorre imediatamente após a coagulação e consiste no agrupamento das partículas eletricamente desestabilizadas (coágulos), de modo a formar outras partículas maiores denominadas flocos, suscetíveis de serem removidos em etapas seguintes.

Filtros multimídia/cartucho: processo utilizado para remover matéria em suspensão (sólidos) na água. A vantagem de utilização de múltiplos meios (como antracito, areia e brita), em vez de um só, está relacionada com a extensão da granulometria atingida e com a maior facilidade de limpeza.

Osmose reversa: nessa etapa, o efluente tem baixa carga de poluentes, mas ainda carrega impureza. Aplicando uma força mecânica, através de bombas de alta pressão, a água fluirá através de uma membrana, da solução mais concentrada (água com impurezas) para a solução menos concentrada, sendo que a membrana irá reter os sais e impurezas.

Fonte: Diário do Nordeste.

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